terça-feira, 27 de abril de 2010

Prejudicados e Beneficiados pela Copa União de 1987

Por José Renato Sátiro

O título brasileiro de 1987 é, sem dúvida, uma das maiores polêmicas em nosso futebol. As discussões sobre quem foi campeão brasileiro daquele ano são muito quentes, .

Não entrarei nela, mas gostaria de resgatar uma outra questão que é muito pouco discutida sobre aquela competição.

O Campeonato Brasileiro de 1986 seria disputado por 44 equipes e mais 4 que iriam “subir” da segunda divisão entre as duas fases iniciais.

O Conselho Nacional de Desportos, antigo CND, tinha a intenção de reduzir o número de participantes da primeira divisão do campeonato brasileiro. Ao lado da CBF estabeleceu que o campeonato de 1986 seria classificatório para o de 1987, quando 24 equipes participariam do mesmo.

O regulamento original de 1986 estabelecia que da primeira para a segunda fase 32 equipes se classificariam. As 24 melhores fariam parte da primeira divisão de 1987.

No entanto, um problema envolvendo o Vasco da Gama e Joinville durante a fase inicial, fez com que o regulamento fosse alterado durante a competição o que causou a classificação de 36 equipes para a segunda fase, 4 a mais que o original.

Diante disso, ficou definido o aumento para 28 no número de classificados para o campeonato nacional da primeira divisão de 1987.

Se esta segunda versão do regulamento tivesse sido obedecida, as 28 equipes que disputariam a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro seriam:

Atlético – GO, Atlético – MG, Atlético – PR, América – RJ, Bahia, Bangu, Ceará, Corinthians, Criciúma, Cruzeiro, CSA, Goiás, Grêmio, Guarani, Flamengo, Fluminense, Internacional – RS, Internacional – SP, Joinville, Náutico, Palmeiras, Portuguesa, Rio Branco – ES, Santa Cruz, Santos, São Paulo, Treze eVasco da Gama.

No entanto, em 1987, a criação do Clube dos 13 e a realização da Copa União, tiraram da principal competição nacional de 1987 as seguintes equipes, no meu entendimento, as maiores prejudicadas.

Atlético – GO, Atlético – PR, América – RJ, Bangu, Ceará, Criciúma, CSA, Guarani, Internacional – SP, Joinville, Náutico, Portuguesa, Rio Branco – ES e Treze.

Dentre estas 14 equipes, apenas o América – RJ, por se sentir prejudicado, se recusou a participar do campeonato organizado pela CBF em 1987, o chamado Módulo Amarelo

O Clube dos Treze resgatou, em 1987, duas equipes que deveriam participar da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro daquele ano, no caso, as maiores beneficiadas:

Botafogo – RJ e Coritiba.

Ao organizar o Módulo Amarelo, a CBF resgatou para o que ela considerou como também sendo da Primeira Divisão, duas equipes que deveriam participar da Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro de 1987, são elas:

Sport e Vitória – BA.

Se a CBF tivesse utilizado como critério completar o Módulo Amarelo com as equipes classificadas imediatamente depois daquelas que já tinham conseguido a vaga no campo, elas seriam o Vitória – BA, que foi realmente chamado, e a Ponte Preta, outra prejudicada que acabou tendo que disputar o Módulo Azul, uma espécie de Terceira Divisão do Brasileiro. Lembrando que o critério anterior era “chamar” as equipes com melhores campanhas na Segunda Fase do Brasileiro de 1986

quarta-feira, 21 de abril de 2010

4 Anos sem o Mestre Telê

Por José Renato Sátiro

Hoje faz 4 anos que o futebol brasileiro perdeu o seu grande Mestre.

Telê Santana nos deixou…e desde então todos nós que gostamos de futebol…ficamos orfãos…

Segue texto publicado originalmente em 21 de abril de 2006…dia que ele nos deixou…

Meu Querido Mestre

Sou engenheiro e desenvolvi toda minha vida profissional alinhado com muito dos preceitos morais de minha família, que sempre valorizou muito fortemente a moral e, sobretudo a honestidade sobre todas as ações que deveria desenvolver.

Desta forma pode parecer estranho identificar uma importância tão grande e um querer bem tão intenso com relação a alguma pessoa, com quem você nunca teve contato. No entanto, da mesma forma que houve uma enorme consternação popular, e até mundial, com relação ao nosso inesquecível Ayrton Senna e seu trágico desaparecimento em 1994, eu me sinto completamente abalado com a morte de Telê Santana.

Mesmo sem saber sequer da minha existência, Telê exerceu forte influência em minha vida, apaixonado que sou por futebol desde os primeiros anos de minha vida, algo que trago principalmente do meu avô, Felipe, e do meu pai.

Durante a Copa de 1982, quando tinha 11 anos, eu tinha Telê como aquele Anjo que traria “para mim” o título mundial, naquela época aquilo era tudo o que eu queria.

A perda daquele título me fez chorar pela única vez por causa do futebol, o que bem lembro foi motivo de crítica de pessoas da minha própria família que não enxergavam importância alguma naquilo. Talvez eles tivessem razão, no entanto a única coisa que me consolou foi ouvir a voz de Telê após aquela derrota.

Cerca de 10 anos depois, eu estava no Morumbi, nas semifinais da Taça Libertadores no jogo entre São Paulo e Barcelona, do Equador, quando aquela relação de cumplicidade com este solene desconhecido se aflorou novamente, no momento que um jogador chamado Rinaldo, que atravessava uma fraca fase técnica, fez um gol, depois de jogada ensaiada, e correu para agradecer Telê. O Morumbi não estava cheio, e aquela cena me chamou mais atenção que tudo, pois mostrava o quando aquele Senhor era querido como pessoa, em um meio tão discutível como era o futebol já desde aquela época.

Obviamente que como são-paulino me recordo sempre de toda alegria que Telê ajudou a trazer a partir dos títulos conquistados pelo meu time, no entanto, assim como muitos deixaram de assistir as corridas de fórmula 1 após a morte de Senna, também deixei mesmo que instintivamente, a ir aos jogos do São Paulo , após seu afastamento em 1996. Claro que não deixei de ser são-paulino, no entanto parece que desde aquele momento todos nós torcedores tricolores ficamos meio órfãos.

Lembro que naquela época Telê passou a ter uma coluna em um jornal aqui em São Paulo . Mais ou menos próximo do problema de saúde que teve, mandei um e-mail para ele, pedindo que só voltasse a trabalhar quando tivesse com sua saúde restabelecida. Possivelmente ele nunca recebeu esta minha mensagem, no entanto a minha torcida, mesmo que de longe e de um desconhecido, sempre foi para o seu bem estar, como uma humilde forma de agradecimento pelo que ele representou na formação de um desconhecido como eu.

Hoje todos nós, torcedores brasileiros, também estamos órfãos.